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História de parto - Ana e Maria Madalena - Parto vaginal - VBA2C

Atualizado: 22 de fev. de 2022


Foi no dia 19/08/2021, dia de anos do pai, que a nossa pequenina nasceu, o nosso VBA2C tão sonhado! :)

Depois de muita leitura, um curso de hypnobirthing com a Iris, um curso de preparação para o parto online, fisioterapia pélvica antes e durante a gravidez e de ser seguida por uma enfermeira e médica maravilhosas que me deram a coragem para ir em frente com o meu tão desejado parto vaginal (sim, desta vez não podia faltar nada, se não desse, era mesmo porque não era para ser) que escolhemos o nosso hospital público a 359km da nossa casa.

Não era possível para nós ser num hospital privado, não consegui encontrar ninguém para um parto domiciliar depois de duas cesarianas e a minha intuição disse-me para o escolher apesar da distância.

Estávamos no norte, de autocaravana, há aproximadamente 3 semanas, não fosse a rapariga querer nascer muito mais cedo que os manos, não nasceu às 41 como eles, mas mesmo em cheio na DPP :)

Depois de um pequeno almoço no café e uma ida à praia de manhã para festejar os anos do marido, resolvemos ir almoçar a um restaurante na praia e comecei a sentir que estava diferente, tanto que comecei a sentir o que senti no segundo parto do meu filho, a fase latente e que tinha durado desde manhã até às 2 da madrugada.

Com isto, pensei que o parto activo só começaria à noite (mal sabia eu o que me esperava...), mas resolvemos ir para a autocaravana para dar uma arrumadela e para tomar banho, Depois de arrumar tudo, de ter tomado banho e de ter saído o rolhão mucoso, por volta das 16:30, comecei a sentir contrações mais fortes, tal como as que tinha sentido nos partos anteriores com 4/5 cm de dilatação, e disse ao João para irmos para perto do hospital, para chamar a enfermeira que tinha combinado estar connosco até aos 6 cm, e para avisar a minha mãe de que tudo estava a começar.

Não consegui ir sentada, apenas agachada e comecei a sentir que já não consegui controlar a contracção (a onda como a Iris lhe chama) com a respiração, pois estava todo muito intenso e a cada contracção tinha que me pôr no chão, pois estar agachada já não era uma opção. As contrações passaram a ficar com intervalos de 2/3 minutos.

Chegámos e felizmente arranjámos lugar mesmo no parque ao lado do hospital.

A cada contracção só pensava em relaxar o máximo possível todo o corpo, deixando o útero fazer o seu trabalho, em ficar na posição em que sentia menos dor e a partir de um certo momento passei a ter que gritar (nunca tinha sentido a necessidade de gritar antes, mas isso ajudou-me imenso).

O João disse-me que a enfermeira ia demorar 30 minutos por causa do trânsito e pedi para lhe ligar, e quando ela atendeu, tive outra contracção em que senti vontade de fazer força e senti o meu coccix a levantar e algo a encaixar por baixo dele. Nunca tive vontade de fazer força antes, e sentir isso fez-me ficar feliz, mas ao mesmo tempo surpreendida por estar tudo a acontecer tão rápido e disse para a enfermeira não vir, pois já tinha 6cm de certeza absoluta e que ia dar entrada no hospital.

Ninguém arranjou uma cadeira de rodas ao meu marido, disseram - lhe para me levar à urgência de autocaravana... Ao que eu lhe disse que nem pensar, pois ainda perdiamos o estacionamento no parque e depois não o ia ter comigo e lá fui eu a pé a gritar pelo caminho, o que fez com que uma cadeira de rodas aparecesse :p

Às 18:00 estávamos a dar entrada no hospital e quando me fizeram o toque disseram que estava quase com dilatação completa e perguntaram se era o primeiro filho ao que respondi que não, que era o terceiro. Perguntaram se tinham sido partos vaginais ao que eu disse que não, só cesarianas, e disse que não queria fazer cesariana.


Não me lembro do que as médicas disseram à minha volta, desliguei, pois as contrações estavam muito intensas, levaram-me para uma sala e apareceu uma enfermeira que disse que me ia romper a bolsa, algo que não queria, mas que depois deixei, pois percebi que ela estava a tentar ajudar-me a que as médicas não me levassem para cesariana, estávamos numa corrida contra o tempo, pois não iam querer que o expulsivo fosse muito prolongado.

Entretanto o meu marido subiu.


A enfermeira perguntou se queria sentir a cabeça da bebé, ao que respondi que não e hoje em dia arrependo-me, pois perdi essa experiência única, e quando a cabeça saiu (não senti nenhum anel de fogo como muitas mulheres falam e para mim o expulsivo era muito mais suportável, pois ao gritar e ao fazer a força que o meu corpo pedia, tudo ficava mais fácil) mais os braços, a enfermeira perguntou se queria agarrá-la e levá-la para mim, ao que voltei a responder que não e, felizmente, a enfermeira insistiu para o fazer, e ainda bem, porque foi uma experiência que vou guardar para sempre, a temperatura dela nas minhas mãos, tão quentinha, nunca imaginei :) eram 19:24.


Um parto foguete como lhe chamo, que não deu tempo para pensar em playlists ou ouvir áudios de relaxamento que pensava que ia usar.

Um parto que me mostrou que cada parto é um parto e que nada pode ter de idêntico aos partos anteriores.

Um parto que me fez acreditar ainda mais que um parto vaginal é possível quando a mulher está informada e confiante, quando tem profissionais de saúde que lhe dão confiança e quando permitimos que o corpo faça o seu trabalho em vez de estarmos imóveis, presos a uma cama.

Um parto que me mostrou que a mulher sabe parir, independentemente se a sua mãe apenas teve cesarianas.

Um parto que me mostrou que eu também posso parir e que posso ajudar a minha filha a ganhar a confiança e a certeza que também ela poderá parir :)


Ana Dias

 
 
 

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