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História de parto Ana e Gabi - Primeiro parto - Parto natural


Sempre achei que a gravidez e o parto seriam períodos difíceis, mas a gestação revelou-se tranquila e uma fase que acabei por gostar muito. Sentir a minha bebé dentro de mim estará para sempre no top de coisas favoritas. Às 40 semanas e alguns dias, numa consulta, pedi ao meu obstetra para me fazer um toque - tinha estado com um ligeiro desconforto na noite anterior e convenci-me que já tinha começado a dilatação. Mas não. Estava longe disso. Ele mandou-me para casa, receitou muito sexy time, exercícios e caminhadas e combinamos que nos veríamos às 41+3 semanas. Eu bem que segui as recomendações, mas passou uma semana e nada aconteceu. Sentia-me exausta, pesada, com a sensação de que não aguentaria outra semana. Na consulta, perguntei ao obstetra quais eram as minhas opções. Ele sugeriu não fazer nada e esperar, ou seguirmos para uma indução que tentasse simular ao máximo a natureza - um descolamento da membrana e depois uma indução com prostaglandinas por via oral (explicou-me sempre todos os prós e contras e, tal como eu queria, rejeitou a opção de indução com oxicotina). Decidi avançar com a indução. Optei pelo descolamento da membrana - cuja sensação foi de uma ligeira cólica menstrual - e marcamos a indução para dali a 2 dias. Assim, dei entrada no hospital na quinta-feira (14) e comecei a indução ao meio dia. Três doses depois, às 20:00, continuava sem qualquer sinal de estar em trabalho de parto. O meu médico disse-me para descansar e tentar dormir bem à noite, que no dia seguinte repetiríamos o processo. Era quase 1:00 da manhã quando, depois de um xixi, senti dois fios de água a escorrerem-me pelas pernas. Não era abundante, mas era óbvio que as águas tinham rompido. Chamei a enfermeira e pedi para me fazer um toque. Tinha 1cm dilatação. Era oficial, tinha começado o trabalho de parto. Passei a madrugada toda com contrações cada vez mais fortes. Foram horas em que pus em prática tudo o que aprendi no curso de hypnobirthing - pensei nas contrações como ondas que me levavam para perto da minha bebé, ouvi uma playlist de músicas que adoro (The Weeknd ftw!), fui repetindo (como mantras) as afirmações do kit da skin to skin que me fizeram mais sentido, usei o roll-on de lavanda do kit no pulso e volta e meia cheirava para me acalmar, fiz exercícios de respiração e na bola de Pilates, e usei a casa de banho como “sala de dilatação”. Decidi não cronometrar as contrações e só fiquei atenta à intensidade. Às 7H da manhã pedi para chamarem o meu médico e perguntei quais eram as opções para alívio da dor - ele apresentou-me todas as hipóteses, do paracetamol à epidural, sublinhando que se optasse pela epidural continuaria com liberdade de movimentos e seria uma dose reduzida, apenas para eu poder ter um momento de descanso. Optei pela epidural e às 8:00 levei a primeira dose que me permitiu descansar e dormir. 1H depois pedi um reforço e dormi mais 1 hora. Às 10:00 o efeito da epidural já estava a passar e uma enfermeira perguntou se me podia fazer um toque. Eu consenti, à espera de estar com 5/6cm, mas afinal já tinha a dilatação praticamente completa e era hora de irmos para a sala de parto. Não esperava que fosse tão rápido.

O período expulsivo foi o momento mais incrível é intenso de todo o processo. Com liberdade total de movimento, comecei por experimentar a posição de 4 apoios, mas rapidamente senti que não era assim que queria estar - muito graças ao meu marido que me lembrou que podia ficar na posição que quisesse e perguntou-me se não queria ir para o banco de parto. E assim foi. Sentada, com o meu companheiro atrás de mim e com o melhor obstetra do mundo à frente, estive 40 minutos a trabalhar com a minha bebé para ela nascer. De olhos fechados, concentrada na respiração e em tudo o que aprendi - joelhos para dentro, pés para fora, relaxar o corpo e o maxilar… - senti-me amparada e respeitada a cada segundo. O meu companheiro leu na perfeição o meu corpo e todas as minhas necessidades - foi-me molhando as costas (estava a morrer de calor), ia abanando um leque enquanto eu respirava e ganhava força, e dizia-me palavras de encorajamento. Tanto ele como o meu obstetra foram essenciais - estavam ali para assistir ao parto e apoiar-me. Quando achei que não aguentava mais, os dois lembraram-me que estava a fazer um optimo trabalho, que estava tudo bem e que em breve ia ter a minha filha nos braços. Fiz força quando senti que tinha de fazer, pude vocalizar como me apeteceu, foi um parto sem pressas nem exigências em que eu fui a protagonista. Quase 1H depois de ter entrado na sala de partos, às 11h47do dia 15 de Julho a minha bebé saiu de dentro de mim. Veio de imediato para o meu peito, abracei-a, tiramos fotografias e esperamos o cordão parar de pulsar. O pai cortou o cordão e ficamos os três a aproveitar o momento até à expulsão da placenta. Durante todo este tempo a minha bebé ficou no meu peito, e eu encostada à pessoa que amo, os dois incrédulos por termos criado um ser tão perfeitinho. Como fiz uma pequena laceração de 1° grau tive de levar alguns pontos e nesse momento a bebé foi para o colo do pai e vista pela pediatra.

Tive um parto poderoso e senti-me uma verdadeira super heroína! Dizem que é preciso uma aldeia para criar uma criança, mas senti que também precisei de uma aldeia para me preparar para a chegada da minha bebé. Escolhi o médico ideal, tive o acompanhamento de um fisioterapeuta maravilhoso, e foi essencial ter tido o apoio da Íris nesta viagem. O curso de hypnobirthing deu-me as ferramentas para me sentir empoderada, informada e preparada para tomar as decisões necessárias, tendo em conta todos os cenários e opções.

Estou muito feliz por ter tido o parto que quis - eutócico, sem episiotomia, fórceps ou ventosas -, e será sem dúvida uma memória que guardarei para sempre com imenso carinho.

 
 
 

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