História de parto - Aurea e Stella - Parto vaginal
- Iris Afonso
- 1 de nov. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 22 de fev. de 2022
A Aurea aceitou partilhar a sua história de parto positiva com todas nós. Ela não fez o curso de preparação do parto com a Skin to Skin.
Prometi que um dia contaria a nossa história para que pudéssemos inspirar mais mamãs com a nossa aventura de parto positiva. Esperemos que aos poucos se comece a destruir o “bicho papão” que fizeram de um ato tão natural como o parto.
Escolhi um parto natural com a mínima intervenção médica uma vez que a minha gravidez não era de risco nem apresentava riscos. Sempre correu tudo dentro da normalidade. Esta escolha deve-se ao facto de eu acreditar que o corpo da mulher foi desenvolvido para gerar o milagre que é a vida.
Antes de engravidar já tinha a ideia de que se um dia fosse mãe que gostaria de um parto natural tal como os da minha mãe. Depois de engravidar esta ideia tomou ainda mais força.
A sociedade demonizou de tal maneira o parto que este virou um “monstro”. Nunca acreditei que o meu corpo pudesse produzir mais dor do que aquela que está preparado para sentir e/ou suportar e, portanto, sempre tive o parto natural como opção. Talvez por a minha mãe sempre ter falado comigo abertamente sobre as suas experiências de parto de uma forma tão positiva.
Um dia cruzei-me com o perfil da Iris no Instagram e li a sua história de parto positiva. Foi através dela que descobri o hypnobirthing. Comecei a pesquisar sobre hypnobirthing uma vez que queria ter um parto relaxado, em controlo e que me permitisse saber as minhas opções e decidir com consciência aquilo que fosse melhor para mim e para a minha bebé.
A minha irmã foi a minha companheira durante o parto e tirou o curso de hypnobirthing comigo. O pai esteve ao nosso lado o tempo todo até chegar a parte ativa.
No dia 14 de Outubro às 6 da manhã começaram as primeiras contrações, muito leves. Quando contei ao meu marido pediu-me para me levantar e vestir porque íamos fazer uma caminhada. Já era hora de conhecermos a nossa bebé (40W+2D)! Saímos de casa e andámos cerca 3 kms a passo acelerado. Á chegada preparou-me um banho de água quentinha para ver se as contrações aceleravam. Fiz tudo super descontraída. Tomei banho, estiquei o cabelo a fazer videochamada com a minha mãe, irmã e prima que me disseram que estava muito fresca para quem estava com contrações.
O dia foi decorrendo com normalidade sempre com contrações e eu respirando e relaxando, visualizando e mentalizando sempre com positivismo. Afinal de contas, “cada contração que sentimos significa que estamos cada vez mais perto de conhecer o nosso bebé”.
Por volta das 17:30/18hrs a minha irmã veio ter a nossa casa e às 19hrs as contrações aumentaram e eu pedi para ir para o hospital que ainda fica a cerca de 20kms de onde moramos. Ao chegarmos, perguntaram-me qual era o plano de parto ao que respondi “um parto natural com o mínimo de intervenção médica salvo se existir alguma complicação” e aí sim decidiríamos o que fazer.
Fomos encaminhados para o nosso quarto com banheira de hidromassagem para que a parteira me examinasse. Só tinha 4 cms de dilatação. Como não moramos perto foi aconselhado que fosse andar durante aproximadamente 2 horas para que a dilatação avança-se. E fomos! Fomos os 3 andar até à creperia perto do hospital para eu comer um crepe de chocolate. Sim, mesmo com contrações que já quase não conseguia dar um passo fui para a esplanada da creperia andar e comer um crepe de chocolate. Não se negam os desejos às gravidas! Verdade? 😊
Eram 21hrs quando voltamos ao hospital e já tinha 6cms de dilatação. Já não sai do quarto, tive sempre a minha irmã e o meu marido ao meu lado e tanto um como o outro foram-me ajudando nos diversos momentos. A respiração, as visualizações e as afirmações positivas ajudaram-me a manter o foco e em momento algum pensei em pedir algum tipo de intervenção. Só pedi mesmo chocolates!
Durante o trabalho de parto ofereceram-me buscopan para alargar o canal de parto mais rapidamente. Perguntei quais os prós e os contras e decidi que não queria, achei que eu e a minha bebé estávamos preparadas para se conhecer.
A minha filhota ficou 45 minutos presa no canal de parto. As 2 parteiras que estavam comigo chamaram a médica de serviço para que pudesse avaliar se era necessário usar fórceps ou ventosas. A médica foi super compreensiva e disse que como tinha escolhido um parto natural e, tanto a mãe como a bebé estavam bem, que me dava mais 15 minutos. Assim que ouvi isto, falei com a minha filha e disse-lhe “filha ajuda a mãe, estamos todos desejosos de te conhecer, temos tudo pronto à tua espera. Estamos pronto para te beijar, abracar, amar. Ajuda a mamã!” Eu podia sentir com as minhas mãos os cabelos da minha filha mesmo na saída do canal de parto, a cabecinha dela estava mesmo ali.
Passados talvez uns 5/10 minutos a minha filhota chegou a este mundo, eram 5 da manhã!
Foi um parto bastante emotivo. Foi o momento da minha vida em que me senti mais perto do nosso estado natural, humano e selvagem. Graças ao hypnobirthing sinto que estive em controlo o tempo todo e que tomei as melhores decisões tanto para mim como para a minha filha. Tive tanto controlo que entre as contrações durante o trabalho de parto comi um chocolate e reclamei que não havia mais nada para comer. 😊 A equipa que me acompanhou foi espetacular e respeitou-nos.
A minha irmã foi um anjo e também ela ajudou no parto em conjunto com as enfermeiras. O meu marido? Esse ficou no carro a chorar e a roer as unhas com medo que algo nos acontecesse. E está tudo bem!


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