História de parto - Margarida e ‘Margaridinha’ - Parto vaginal
- skintoskinwebsite
- 11 de jun. de 2021
- 5 min de leitura
Atualizado: 22 de fev. de 2022
A maternidade tem-se revelado uma viagem incrível, desde a pre concepção ao desejo intrínseco de dar vida, passando pela gravidez, parto e pós parto. É a nossa primeira filha muito desejada 😊 temos carreiras profissionais muito intensas, mas ter filhos fez desde sempre parte do nosso plano de vida.
Engravidámos muito rápido mas já com um profundo sentimento de responsabilidade e de amor. Apercebi-me logo da gravidez, e com essa constatação, veio desde muito cedo o diagnostico de diabetes gestacional.
Como mulher, apesar de não ser a experiência das minhas avós/ mãe, sempre temi muito a gravidez e o momento do parto. Chegam-nos tantos relatos de violência obstetrícia, de dor, de provação.No entanto, à semelhança de outros aspetos na minha vida, sempre achei que a educação tem um papel importantíssimo, quer seja por desmistificar conceitos, como por ser uma plataforma segura para tomar decisões. Apesar de ter um horário frenético inscrevi-me no curso de preparação para o parto disponibilizado pelo centro de saúde e comprei vários livros. Queria mesmo estar preparada para aquele que iria ser um dos momentos mais importantes da minha vida. Mas a dada altura senti que faltava algo mais. O facto de ter diabetes gestacional, aliado à possibilidade, muito factual, de ter de parir sozinha devido ao contexto pandémico, fez com que quisesse ter outro tipo de preparação. Uma preparação mais integral, mais focada na minha autonomia e espiritualidade. A Skin to Skin apareceu-me num daqueles scrols intermináveis pelo instagram. A simplicidade e a genuinidade da página, sensibilizaram-me e isso fez com que o meu marido “nos” oferecesse o curso.
O curso de hypobirthing ajudou-nos a entender de forma muito gráfica a fisiologia do parto, a semelhança com outros mamíferos, a importância da tranquilidade e serenidade como indutores da oxitocina, a nossa melhor amiga 😊. Ao longo das 4 sessões os medos associados ao parto foram-se atenuando.
Retrospetivamente, o curso foi essencial no momento do parto. Apesar de poder ter tido o meu marido comigo no momento expulsivo, todo o trabalho de parto até esse momento, foi feito sozinha. A visualização de cada contração como “uma onda”, e cada ciclo de respiração como “menos um” para conhecer a minha bebé, foi de um reconforto imenso pois a componente mental do trabalho de parto é imensa.
Como tive diabetes gestacional o parto teve de ser induzido e por isso as ondas foram mais fortes. Apesar de desafiante, o dia do nascimento da minha bebé, foi um dos mais felizes da minha vida. Senti que o meu corpo estava preparado e que nada de mal me iria acontecer. Entrei na maternidade sem qualquer tipo de dor, 30 min após a administração das prostaglandinas, iniciaram as contrações. Tomar a epidural sempre fez parte do meu plano de parto, mas o curso de hyponobirthing foi crucial para conseguir fazer uma gestão adequada da dor até ter os cm necessários de dilatação. Realizei várias técnicas não farmacológicas de alivio da dor, como usar a bola de pilatos, tomar duches prolongados, adotar várias posturas durante as ondas e claro, as respirações controladas. O facto de estar de mascara durante todo o trabalho de parto foi deveras desafiante. Aos 6 cm de dilatação, o colo do útero “desceu” e eu já estava em condições para levar a epidural. Fui para a sala de partos, levei a epidural e pouco tempo depois o meu marido chegou. A intensidade das ondas diminuiu drasticamente e com isso foi possível direcionar o meu foco para o momento expulsivo. A cada onda, não dolorosa, estava mais perto de conhecer a minha bebé. Entretanto, rebentou o saco de águas. Pouco tempo depois a equipa médica começou a preparar todo o material e eu senti que era aquele “o momento”. O meu marido esteve sempre bastante calmo, a apoiar-me, sempre positivo e muito alegre. Apesar de sermos pessoas bastante positivas, sinto que o curso nos preparou a ambos para este momento. A sua postura, reforçou ainda mais a minha segurança e serenidade. Pouco tempo depois, a minha bebé apareceu e pudemos ouvir pela primeira vez o seu choro. Fizemos logo pele a pele e esses primeiros momentos foram de uma beleza extrema, uma autentica explosão de amor, afeto, ternura e vulnerabilidade. Foi mesmo, a melhor sensação do mundo 😊. Algum tempo depois, não sei precisar quanto, levaram a menina para a vestirem, pesarem etc.
Apesar da equipa medica ter sido muito disponível, e o parto ter sido muito humano, não houve uma explicação detalhada sobre as intervenções realizadas. No entanto, com os conhecimentos apreendidos ao longo da gravidez, quer pelo curso de hyponobirthing como pelas outras formações, eu soube exatamente o que estava a acontecer a cada momento. Isto, reforçou bastante a minha tranquilidade e sentido de segurança. De referir, que durante o trabalho de parto fizeram vários toques, muitos CTG e no momento expulsivo fizeram a manobra de Kristeller, que sinceramente, me ajudou imenso. Numa nota menos positiva, fizeram episiotomia. Durante a gravidez fiz vários exercícios para promover a flexibilidade do períneo, mas no momento expulsivo a equipa médica achou melhor fazer o procedimento. Apesar de terem sido poucos pontos, senti que a episiotomia atrasou a minha recuperação no pós parto.
Todos os procedimentos foram feitos com o maior dos respeitos e senti que fui eu que dei à luz, eu é que estava no centro. Não houve internos/estudantes na sala, apenas 4 pessoas, a médica, a enfermeira, eu e o meu marido, foi um parto bastante intimo, tal como desejámos durante a gravidez.
Para terminar este relato falta apenas dizer que às 30 semanas de gravidez tive um diagnóstico de colo do útero curto. Devido a compromissos profissionais seria bastante prejudicial estar com uma baixa médica até ao final da gravidez, pois isso iria acabar por afetar a minha licença de maternidade. Apesar de me dizerem que tinha o colo do útero curto, eu sentia que estava tudo bem (provavelmente devido ás meditações e á conexão com a minha bebé muito estimulada pelo curso). Após uma troca de palavras menos agradáveis com a obstetra, decidi que não queria a baixa. Com a metodologia BRAIN, consegui acalmar-me, pedi uma segunda opinião e tal como esperado, tudo estava bem. O colo do útero apenas tinha uma consistência mole, não estava curto.
E pronto, foi este o meu parto! Só me resta agradecer esta experiência tão positiva a todos os profissionais que me acompanharam. Acredito que preparar a chegada de um filho é algo único, de uma importância extrema, e que é sem dúvida muito mais do que o preparar de um enxoval. O acesso à informação ajuda imenso, assim como a conexão espiritual diária com o nosso bebé.

Komentar